A caracterização numérica da população humana foi uma preocupação sempre presente na história da humanidade, quer no que se refere à dimensão, à composição e à forma como se distribui espacialmente num determinado momento do tempo, quer no que se refere aos movimentos que, ao longo tempo e de forma contínua, afectam o seu estado. A demografia é a ciência que estuda a dimensão, a estrutura e as componentes da dinâmica das populações humanas. No âmbito da ciência da população, como também é designada, estudam-se conjuntos de pessoas delimitados espacialmente, em geral territórios com um significado social, como um país, uma região ou um continente. O estudo da população residente em Portugal é um exemplo. Neste capítulo apresentam-se, de forma sumária, um conjunto de medidas básicas que caracterizam o estado de uma população num determinado momento do tempo e que permitem avaliar a sua dinâmica através do estudo das suas componentes: natalidade, mortalidade e migrações. São também apresentados os métodos mais usuais de estimação da população residente num país entre momentos censitários, bem como, as metodologias de previsão e projecção da população e das suas componentes. A exemplificação dos métodos e técnicas é efetuado para a população residente em Portugal.
Seria a Terra redonda no Renascimento? Navegação e
cartografia no tempo das descobertas
Quando a exploração sistemática do Atlântico teve o seu
início, na primeira metade do século XV, a forma e tamanho do nosso planeta não
era assunto importante. Embora as classes mais educadas soubessem que a Terra
era redonda, tal conhecimento era irrelevante para a prática da navegação e da cartografia
náutica. Mesmo depois do renascimento da cartografia científica, que se segui à
tradução e disseminação da Geografiade Ptolomeu na Europa, as cartas náuticas continuaram a ser construídas
exactamente como antes, isto é, assumindo que a Terra era plana. Não porque os
pilotos e cartógrafos desconhecessem a forma do planeta mas devido aos
constrangimentos impostos pelos métodos de navegação da época, baseados em
direcções magnéticas e distâncias estimadas. Com a introdução da astronomia
náutica os pilotos começaram a determinar a latitude no mar e em terra, e a
introdução deste novo elemento de informação nas cartas de marear teve um
reflexo significativo na sua geometria. Contudo, tal inovação não alterou
radicalmente o modelo cartográfico em uso, na medida em que as novas cartas
continuaram a ser construídas transferindo directamente para o plano as
observações de rumo magnético, latitude e distância realizadas sobre a
superfície esférica da Terra. Nesta conferência é abordada a relação entre os
métodos de navegação praticados durante o período das descobertas, tal como são
descritos nas fontes históricas, e a geometria das cartas de marear. Dois
aspectos particulares são analisados: os efeitos da declinação magnética
não-corrigida e a inconsistência geométrica resultante de
se ignorar que a Terra não é plana.
Aspetos matemáticos do Planeta Terra
O Sistema do planeta Terra decompõe-se em vários subsistemas: a atmosfera, os oceanos, as superfícies geladas, a estrutura interna e a biosfera. Em todos os seus subsistemas, a Matemática, apoiada pelos supercomputadores, tem atualmente um papel chave através do método universal que consiste na modelação matemática, na análise e simulação de modelos e no controle de problemas. Muito antes do aparecimento dos computadores, a representação da Terra, a navegação e a cartografia contribuíram de um modo decisivo para o desenvolvimento das ciências matemáticas. Hoje em dia, os problemas planetários apresentam novos desafios e continuam a contribuir para estimular a investigação matemática em múltiplas áreas. Nesta síntese, apresentam-se alguns aspetos históricos da matemática que foram essenciais na compreensão do planeta Terra, salientando a importância da Geografia Matemática e o seu papel na(s) Revolução(ões) Científica(s), por um lado, e, por outro, nas primeiras tentativas de modelação dos ventos, do aquecimento/arrefecimento terrestre, dos sismos, do clima e a sua influência na teoria das Equações com Derivadas Parciais. Usando exemplos de Problemas com Fronteiras Livres, a partir de alguns problemas históricos e de avanços recentes neste tópico, mostra-se a variedade das aplicações da matemática a alguns dos problemas (Geo)físicos que aparecem naturalmente no Planeta Terra. Concluímos, exemplificando o potencial impacto da iniciativa internacional em 2013 na Comunicação das Ciências Matemáticas às novas gerações através do módulo "Loxodrómias e Espirais" em exibição no MNHNC.
Entre ordem e desordem: da célula ao Sol
Nas últimas décadas o conceito de sistema não linear, que traduz o facto de a resposta do sistema não exibir proporcionalidade relativamente aos dados, começou a ocupar um lugar central em todas as áreas da ciência. Do ponto de vista matemático, a não linearidade implica que o princípio da sobreposição - que estabelece que a soma de duas soluções ainda é uma solução - deixa de ser válido. Podemos traduzir este facto dizendo que a “totalidade” representa mais do que a soma das “partes”, no sentido em que emerge um padrão que não se identificava nos elementos do sistema. Os sistemas não lineares podem apresentar grande sensibilidade aos dados iniciais, amplificando pequenas perturbações, e perdendo progressivamente a sua capacidade de previsão. Iremos descrever a génese destes comportamentos caóticos e explicar como é que um sistema determinista começa por desenvolver oscilações que vão perdendo a sua periodicidade até atingir um regime que se configura como aleatório, e onde não se identifica qualquer padrão. Através de exemplos, mostra-se que subjacente ao comportamento caótico e a esta aparente ausência de padrão existe uma ordem complexa. O caos configura-se, assim, não como desordem mas como uma elaborada forma de ordem. Mas, se o caos é ubíquo, estará posta em causa a capacidade de previsão de certos fenómenos? Para dar resposta a esta perplexidade descrevem-se recentes desenvolvimentos na Teoria do Caos relacionados com a sua supressão, o que nos leva, por fim, a questionar se, entre ordem e desordem, da célula ao Sol, Pierre Simon de Laplace teria, afinal, razão.
Ondas
harmónicas, análise de Fourier e vibrações sísmicas
Durante um sismo ou sob a
ação do vento, todas as estruturas, tais como pontes, edifícios ou barragens,
sofrem movimentos oscilatórios. Com o famoso colapso da
ponte de Tacoma Narrows (EUA 1940) sob a ação de um vento moderado, percebeu-se
a importância de ter modelos matemáticos adequados para simular os referidos
movimentos. As funções seno e coseno são a base para se iniciar a análise deste
tipo de movimentos mas ao aprofundarmos o estudo da matemática envolvida
encontramos surpreendentes conexões entre diversos tópicos de matemática,
nomeadamente, funções trigonométricas e exponenciais, equações diferenciais,
números complexos, cálculo integral, séries, etc.
Matemática dos recursos biológicos: crescimento e colapso
Nesta apresentação abordamos os métodos básicos para a modelação do crescimento dos recursos biológicos: a modelação da dinâmica de populações.Depois de apresentar e desenvolver estes métodos, aplicamo-los a problemas de gestão, identificando, entre outros aspectos, as situações em que pode ocorrer o colapso de recursos biológicos.